segunda-feira, 25 de março de 2013

Pedagogas explicam que cada instituição tem seu papel definido e é preciso haver sintonia entre o que é ensinado pelos pais e pelos professores

 que é ensinado pelos pais e pelos professores “Educação começa em casa”, diz a costureira Janeth Luiza de Melo Dias, mãe de Ana Luiza, de 10 anos. Para Janeth, é tarefa dos pais ensinar o certo e o errado às crianças. Nesse caso, a escola seria apenas um complemento: os professores reforçam os aprendizados obtidos em casa. “A missão de transmitir valores é dos pais, primeiramente. A família é a base da educação e a escola deve dar continuidade nesse processo. Escola, família e sociedade estão interligadas na tarefa de educar”, destaca a psicopedagoga Valéria Tiusso Segre.
Essa opinião não é unânime entre as famílias. Segundo estudiosos de educação, principalmente na América Latina, pais estão acostumados a pensar na educação como tarefa exclusiva dos professores, o que pode ocasionar conflitos entre família e escola. “Nos dias atuais, os pais não estão sabendo dizer ‘não’ aos filhos. Resta aos professores impor limites. Mas, quando o professor tenta ensinar valores à criança, dizendo o que ela pode ou não fazer, muitos pais vão até a escola reclamar, dizer que não concordam com o que foi imposto”, explica a pedagoga Maria do Carmo Kobayashi, professora de pedagogia da Unesp.


E quando há discordâncias?

Escola e família devem estar em sintonia para que a criança se desenvolva, tornando-se um cidadão que se preocupe com o bem coletivo. Para que haja essa sintonia, os pais precisam estar cientes de tudo o que é ensinado dentro da escola. “Quando o pai procura uma escola para fazer a matrícula, precisa conhecer seu projeto político-pedagógico, ou seja, a carta de intenção da instituição, que mostra o currículo e as experiências que serão vivenciadas no local. Se o pai não se identifica com essas regras, ou procura outra escola, ou não haverá sintonia”, recomenda Maria do Carmo.
Para que não haja conflitos entre os interesses da família e da escola, pais podem participar da elaboração do plano político-pedagógico, em conjunto com professores e diretores. “Depois de estabelecidas as regras, é preciso haver acordo durante todo o ano letivo. A escola terá um manual de normas a serem tomadas com todas as crianças. É como uma previsão de coisas a serem feitas”, comenta Maria do Carmo.
Entrando em acordo com os pais, professores têm o direito de dizer à criança, no período que passarem dentro da escola, a diferença entre certo e errado, como se tornaremvalores2 pessoas de bem. “Lá dentro, a responsabilidade é dos professores, por isso, precisam advertir as crianças quando algo de errado acontecer e comunicar os pais, para que eles também conversem com o filho”, opina o agropecuarista João Atílio Scaravelli, 52 anos, pai de Vitor, 10.

Respeitando limites

A pedagoga Maria do Carmo explica que escola e família são instituições distintas, com papéis pré-estabelecidos e que se complementam. Assim como a transmissão de valores começa em casa e continua na escola, os conhecimentos científicos se iniciam na escola e continuam em casa.
“Para fazer a lição de casa, as crianças precisam do acompanhamento dos pais ou de outro adulto. Essa ajuda deve ser dada desde que os pais saibam o que e como é ensinado na escola. O que não pode é fazer o papel do professor, ou rivalizar, achando que o professor não está ensinando da forma correta”, indica a pedagoga.
A mãe de Ana Luiza, Janeth, crê que tanto o espaço dos pais quanto o dos professores deve ser respeitado. Por isso, procura saber o que é ensinado nas aulas para ajudar a filha nas lições de casa. “Acompanho as notas, vou às reuniões e a Ana Luiza também me conta sobre tudo o que acontece na escola. Quando há comunicação entre pais e professores, o processo de educar é mais eficiente”, diz Janeth.
João Atílio, pai de Vitor, também participa das experiências que o filho tem na escola. “Minha esposa sempre comparece às reuniões mensais de pais e mestres e, sempre que posso, eu a acompanho. Nessa reunião, comenta-se o que é ensinado nas aulas, as notas e também as dificuldades que os alunos têm com conteúdo ou comportamento”, conta.
Para a psicopedadoga Valéria Segre, as dificuldades com conteúdo devem ser resolvidas com o professor. “Os pais devem ficar atentos apenas aos horários da tarefa, organização, se o filho cumpriu ou não o que lhe foi passado e às dificuldades, que devem ser levadas para a escola e não resolvidas pelos pais, para que não haja interferências no modo de ensino”, recomenda Valéria.
O Ministério da Educação disponibiliza em seu portal (portal.mec.gov.br) dicas para os pais acompanharem as experiências escolares. “É possível acessar também, no portal, o documento Indicadores na qualidade da educação infantil, que mostra o que a família pode fazer para contribuir com o desenvolvimento escolar dos filhos. Quando família, escola e sociedade se sintonizarem, não haverá mais tantos problemas de comportamvalores1ento antissocial das crianças”, conta Maria do Carmo.

Dicas úteis
- Cultive o hábito da leitura em casa.
- Visite a escola de seus filhos sempre que puder.
- Converse com os professores sobre dificuldades e habilidades do seu filho.
- Participe das atividades escolares e compareça às reuniões da escola. Dê sua opinião.



Nossas fontes
Maria do Carmo Kobayashi, pedagoga, doutora em Educação Brasileira e professora da Unesp, campus de Bauru
Valéria Tiusso Segre, psicopedagoga clínica e institucional

Nenhum comentário:

Postar um comentário