sexta-feira, 3 de agosto de 2012

As crianças são curiosas e perguntam sobre tudo. Nessas horas, os pais e educadores devem estar preparados para responder sobre os mais variados assuntos

Pp Adaildes Cristina S. de O. Santos
Psicopedagoga Clínica
Uma das principais características da personalidade infantil é a curiosidade. Crianças mexem em tudo e perguntam sobre tudo, assim elas vão descobrindo o mundo. O que é certo, o que é errado, o que gostam... Porém, algumas perguntas que saem da boca dos pequenos, repletas de inocência, acabam colocando grande parte dos adultos em saias-justas.
O bombardeio de perguntas começa cedo, entre os 4 e 6 anos de idade. E os especialistas alertam: por mais que a pergunta seja constrangedora, o adulto não pode deixar de responder.  “Os pais nunca devem ignorar o questionamento da criança. Se ela está perguntando é por que está com dúvida e está preparada para a resposta. Os pais também não devem inventar histórias fantasiosas ou que não condizem com a verdade, a resposta deve ser curta e verdadeira”, explica a psicóloga comportamental infantil Paula Pessoa Carvalho.
Informação gera dúvidas
Por mais recursos que os pais tenham para impedir que os filhos vejam conteúdos considerados impróprios para certas idades tanto na internet como na televisão, são raras as crianças que não acompanham esses sites e programas. Novelas, por exemplo, são verdadeiras plantadoras de dúvidas na cabecinha das crianças e, às vezes, precocemente.
A diretora de escola Maria Regina Corrêa se depara com diferentes dúvidas todos os dias e a curiosidade depois que a criança assiste a novelas é grande. “Os assuntos são os mais diversificados: relacionamento familiar, violência verbal e também física. Quanto ao sexo, depende do acesso que a criança tem aos meios de comunicação e programas considerados impróprios para a idade deles. Os assuntos variam de acordo com os programas ou novelas mais famosos do momento: como a personagem da Lilia Cabral pode ser Pereirão se ela era mulher?”, exemplifica.
A psicóloga Jéssica Fogaça pontua os assuntos mais intrigantes para os pequenos em meio a tanta informação dentro e fora de casa. “Crianças querem saber sobre as diferenças sexuais e anatômicas como por que os meninos têm pênis e as meninas não, como eles nasceram, como foram parar na barriga das mães, o que é uma relação sexual, porque as meninas gostam de brincar de boneca e os meninos de carrinho, por que tem assuntos que são só de adultos, que assuntos são esses?”.
Escola deve ser aliada no esclarecimento
Quando a criança não consegue respostas para suas dúvidas com os pais, ela vai procurar na escola. Além de ajudar a sanar os questionamentos infantis, os professores precisam orientar os pais. “A escola pode e deve ser uma aliada dos pais nesses assuntos mais ‘delicados’, principalmente no que se refere às diferenças, já que é um lugar privilegiado em diferenças. Na escola vemos crianças e adultos de vários tamanhos, de cores diferentes, de ambos os sexos, de diversas religiões e criações as mais variadas possíveis. Sendo assim, é um ambiente que favorece o estudo e a prática da diversidade”, diz Jéssica.
No entanto, alguns pais não são abertos para conversarem nem com os filhos e muito menos com a escola. O que ocorre normalmente é o contrário: a escola que chama os pais ou responsáveis para tratar das dúvidas dos pequenos, não sendo muitas vezes compreendida a devida importância das conversas particulares. “Muitas vezes precisei chamar pais para conversarem reservadamente sobre determinados assuntos e infelizmente nem sempre eles compreendem a necessidade de dialogar. Alguns deixam a situação pior ainda, pois concordam, mas agem de outra forma em casa, até repreendendo a criança por ter falado na escola”, lamenta Maria Regina.

Para não entrar em saias-justas
- Os pais devem esperar que os filhos perguntem e sempre responder aquilo que foi questionado pela criança de maneira clara e objetiva. Nada de ficar inventando histórias;
- Quanto mais as crianças confiarem em seus pais, mais perguntarão a eles e mais os pais terão certeza do que se passa com os filhos e poderão orientá-los da maneira correta;
- Quando o assunto for sexo, uma dica é que os pais podem mostrar fotos da mãe grávida e contar histórias de quando a criança estava na barriga – os pequenos adoram isso;
- Estimule a escola de seu filho a levar especialistas e palestrantes que ajudem a sanar algumas dúvidas;
- Alguns livros também podem ajudar nessa fase de curiosidade dos pequenos (confira dicas abaixo)
Livros que podem ajudar
A psicóloga Paula Pessoa Carvalho indica dois livros que podem ajudar os pais a orientarem seus filhos. “Um bom livro pode iniciar o trabalho de orientação sexual com as crianças pequenas ou para quem ainda não se sente muito à vontade com o tema. Os pais podem ler junto com os filhos e conversar em seguida”, sugere.
- “De onde viemos?”, de Peter Mayle e Arthur Robbins; editora Nobel
- “De onde vêm os bebês?”, de Andrew C. Andry, editora José Olympio

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